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domingo, 24 de febrero de 2008

O MEU AMOR NÃO CABE NUM POEMA


O meu amor não cabe num poema-há coisas assim,

que não se rendem à geometria desde mundo;

são como corpos desencontrados da sua arquitectura

os quartos que os gestos não preenchem.

O meu amor é maior que as palavras; e daí inútil

a agitação dos dedos na intimidades do texto -

a página não ilustra o zelo do farol que agasalha as baías

nem a candura a mão que protege a chama que estremece.

O meu amor não se deixa dizer - é um formigueiro

que acode aos lábios com a urgência de um beijo

ou a matéria efervescente os segredos; a combustão

laboriosa que evoca, à flor da pele, vestígios

de una explosão exemplar: a cratera que um corpo,

ao levantar-se, deixa para sempre na vizinhança de outro corpo.

O meu amor anda por dentro do silêncio a formular locuras

com a nudez do teu nome- é um fantasma que estrebucha

no dédalo das veias e sangra quando o encerram em metáforas.

Um verso que o vestisse definharia sob a roupa

como o esqueleto de uma palavra morta, nenhum poema

podia ser o chão a sua casa.


Maria do Rosário Pedreira.

1 comentario:

Duarte dijo...

¡Conseguiste tocarme la fibra!
Un magnífico poema... me gusta mucho. Rico en la palabra, y en la metáfora, que muy bien disimula.
Versos un poco largos, pero de un cálido recorrido.
Gracias, sabes que "a viola e a guitarra" calan en mi.

 

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